“Para ter mudanças, não basta sonhar, é preciso trabalhar por aquilo que se acredita”. Esse é o lema de vida de Cristina Baron, primeira mulher no cargo de diretora da FCT-UNESP de Presidente Prudente. Em sua trajetória profissional, atuou como docente em universidades, comandou projetos e pesquisas, e também adquiriu experiência como diretora técnica em uma empresa pública.
Nascida em Piracicaba em julho de 1969, Cristina é filha do técnico na área de açúcar Giacomo Baron (in memorian) e da professora Sueli Ivete Perissinotto Baron; é segunda filha do quarteto formado por ela, Luís Alberto, Claudia e Carla. Divorciada, é mãe de Luísa e Marina.
Aos 18 anos, Cristina formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela EESC-USP (Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo), no município de São Carlos. Lá também fez mestrado e doutorado.
Sua carreira como docente começou logo após defender sua tese em mestrado, no ano de 1999. Nessa época, já atuava em escritórios e em projetos da própria universidade. Primeiro foi na Unimar, em Marília, e depois na UNIRP, em São José do Rio Preto.
Ao passo que continuava lecionando, em 2001 foi convidada para trabalhar na PROHAB-São Carlos, uma empresa pública de atuação na área de construção de habitação de interesse social, cujo foco era oferecer construção de moradias, urbanização de favelas e demais projetos em áreas periféricas. Já em 2005, mudou-se para Presidente Prudente, onde deu aula Unoeste, e em 2006 passou no concurso da Unesp do polo prudentino.
Após essa extensa trajetória na área da docência, Cristina tomou a decisão de estar no cargo de diretora da FCT-UNESP. O processo envolveu muitas conversas com outros docentes, funcionários e alunos, onde foi constatado que havia um desejo de mudança de como a instituição era administrada e a necessidade se ser mais democrática, transparente e atuante junto à sociedade.
Em conjunto ao atual vice-diretor, Ricardo Pires de Paula, e seu grupo, formou a Chapa “FCT democrática para todas e todos”, para uma proposta de gestão coletiva. “Não saberia explicar exatamente como tomei a decisão de estar no cargo de diretora, só sei que foi um contexto geral que foi se encaminhando”, disse.
Para a jornada que vem pela frente, a expectativa é trabalhar pela valorização da universidade pública. “A Unesp é um patrimônio do Estado de São Paulo e todos devem ter orgulho dessa instituição, do que ela representa na formação de profissionais, na produção da ciência, na valorização da atuação dos docentes e do que uma educação de qualidade pode fazer para termos uma sociedade mais justa”, define Cristina.
Dentre os planos, Cristina tem como meta tornar a universidade mais democrática para a comunidade unespiana e ter uma atuação mais próxima para Prudente e região. “Existem vários projetos de extensão que já ocorrem; com as últimas alterações curriculares dos cursos de graduação, haverá a possibilidade de novas inserções”, completa.
Ao analisar o atual cenário político, para ela, estamos vivendo um momento sombrio no país, com ataques às políticas públicas que funcionam e trazem resultados positivos. “Semana atrás, políticos que desconhecem o papel da universidade pública, estavam propondo a cobrança de mensalidades”, informa. Cristina também destaca que a produção científica brasileira ocorre em 90% dessas instituições.
Por ser a primeira mulher no cargo, Cristina frisa que as mulheres não são incentivadas a ocupar cargos de direção, reflexo estrutural e naturalizado em uma sociedade misógina, segundo ela. “Muitas mulheres que atuam no mercado de trabalho precisam conciliar as atividades familiares e domésticas com a profissão, daí surgem as duplas e triplas jornadas de trabalho”, reflete. “Acho que a atividade considerada “do lar” deveria ser remunerada, afinal, muitas mulheres ficam em uma situação de vulnerabilidade social porque não tem sua independência financeira”, alerta.
Sua mensagem final é incentivar as jovens terem uma profissão, cursar uma universidade e, aos poucos, conquistar outros espaços. “Até o momento, o mundo está sendo comandado majoritariamente por homens e olha em que situação estamos? Caos, negacionismos, guerras, agressões gratuitas, violência e devastação ambiental. Fica a reflexão, será que as mulheres não fariam diferente?”, pontua.
Colaboradora: Francinara Nepomuceno