As Cicatrizes na Cerca

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A Lição Silenciosa sobre Palavras e Temperamento

Era uma vez um menino com um temperamento explosivo. Seu pai, preocupado, deu-lhe um saco de pregos e uma missão: cada vez que perdesse a paciência, deveria martelar um prego na cerca dos fundos. No primeiro dia, foram 37 marteladas — 37 explosões de raiva. Mas, com o tempo, o menino percebeu que controlar-se era menos cansativo do que bater pregos.

Assim, dia após dia, ele foi dominando seu temperamento até que chegou o momento em que não precisou mais usar os pregos. Orgulhoso, contou ao pai. Este, por sua vez, propôs uma nova tarefa: a cada dia que passasse sem perder a paciência, ele deveria remover um prego da cerca.

Com disciplina, o menino seguiu o desafio, e finalmente chegou o dia em que não havia mais nenhum prego. Mas ao mostrar ao pai sua conquista, recebeu uma lição que jamais esqueceria. O pai, apontando as marcas deixadas pelos pregos na madeira, disse:

— Você venceu seu temperamento, meu filho. Mas veja: a cerca jamais será a mesma. Cada prego que você tirou deixou uma marca. Assim também são as palavras ditas com raiva — por mais que você peça desculpas, as cicatrizes permanecem.

Essa parábola, de autoria desconhecida, carrega uma poderosa lição: a raiva pode passar, mas suas consequências ficam. Somos responsáveis pelas palavras que lançamos no calor de um momento. Assim como uma cerca ferida, as pessoas também guardam marcas — invisíveis, mas profundas.

No mundo atual, onde reações impulsivas se espalham pelas redes, nas conversas e no trânsito cotidiano, essa história é um convite ao autocontrole, à empatia e à gentileza. Não basta apenas se arrepender: é preciso cultivar o silêncio antes da explosão, a reflexão antes da resposta, e o cuidado com o outro antes do orgulho próprio.

Porque, no fim, controlar a raiva é mais leve do que reparar os estragos que ela deixa. E palavras, uma vez ditas, não voltam atrás — mas podem ser evitadas com sabedoria.