
Da Redação
Uma crescente preocupação paira sobre o trabalho dos cinegrafistas na cobertura de eventos de diversos portes: a dificuldade de capturar a verdadeira essência das ocasiões devido à atenção massiva do público voltada para seus telefones celulares. Profissionais da área relatam que a plateia, muitas vezes absorta em seus dispositivos, perde momentos cruciais e compromete a qualidade das filmagens.
“É cada vez mais desafiador”, desabafa um cinegrafista que preferiu não se identificar. “Você tenta enquadrar uma reação, um momento de emoção, e o que vê é uma floresta de telas iluminadas. A espontaneidade se perde, a conexão do público com o evento se dilui.”
A reclamação não é isolada. Outros profissionais da área ecoam o sentimento, destacando que a constante presença de celulares não apenas polui visualmente as imagens, mas também afeta a captação do som ambiente e a energia geral do evento. A falta de atenção do público resulta em reações tardias ou até mesmo na ausência delas em momentos importantes, prejudicando a narrativa visual construída pela equipe de filmagem.
A situação levanta um debate sobre o papel da tecnologia em eventos ao vivo e o impacto no trabalho de quem busca registrar esses momentos para a posteridade. Enquanto alguns defendem o direito do público de usar seus dispositivos para registrar suas próprias memórias, os cinegrafistas argumentam que o uso excessivo prejudica a experiência coletiva e o resultado do seu trabalho profissional.
Diante desse cenário, profissionais da área têm apelado aos organizadores de eventos para que adotem medidas que possam mitigar o problema. Sugestões como comunicados iniciais incentivando a atenção ao evento, iluminação estratégica para minimizar a distração das telas e até mesmo a criação de áreas designadas para o uso mais intenso de celulares estão sendo levantadas.
Resta saber se os organizadores de eventos encontrarão um equilíbrio que permita ao público desfrutar da experiência ao vivo sem comprometer a qualidade do registro audiovisual, essencial para a memória e a divulgação dessas ocasiões. O debate sobre a “etiqueta do celular” em eventos parece estar apenas começando.