Brasil fica na lanterna global na formação de engenheiros

1

Com apenas um quarto da taxa dos EUA e do Japão na formação de engenheiros por habitante, o País ignora o capital humano estratégico e vê gigantes como Vale e Embraer enfrentarem escassez de talentos especializados.

O Brasil enfrenta uma crise silenciosa que ameaça sua competitividade e desenvolvimento industrial: a crônica falta de engenheiros. Dados alarmantes mostram que, enquanto nações desenvolvidas como Estados Unidos e Japão formam cerca de 25 engenheiros por mil habitantes, o Brasil entrega uma proporção quatro vezes menor.

O problema é ainda mais grave quando comparado a nações populosas: o Brasil forma apenas metade dos engenheiros que China e Índia produzem proporcionalmente, demonstrando que nem o tamanho da população brasileira justifica esse atraso.

A falta de profissionais qualificados já é sentida diretamente no chão da fábrica e nas salas de projeto das maiores corporações nacionais.

  • Vale, que emprega mais de 6.400 engenheiros, enfrenta dificuldades notórias para preencher vagas, especialmente na área de engenharia de minas.
  • Embraer, um ícone da alta tecnologia brasileira, já perdeu talentos cruciais para concorrentes internacionais como a Boeing e admite a dificuldade em reter e contratar engenheiros especializados.
  • WEG, com um quadro de cerca de 4.700 engenheiros, reporta uma demanda crescente por novos profissionais para sustentar sua expansão.

A situação se agrava com um gargalo na base: apenas cerca de 10% dos estudantes brasileiros do ensino médio optam por cursos técnicos, enquanto na Europa essa taxa se aproxima de 50%. Além disso, uma parcela significativa dos engenheiros formados no país migra para áreas fora da indústria e da engenharia propriamente dita, exacerbando o déficit.

Engenheiros: ativos estratégicos para o País

O recado do setor produtivo é claro: sem uma força de trabalho técnica robusta, a ambição do Brasil por soberania industrial, tecnologia de ponta e inserção na Indústria 4.0 não passará de um sonho distante.

A solução exige uma mobilização nacional: é fundamental formar mais e melhores engenheiros, mas, acima de tudo, é preciso valorizá-los como o ativo estratégico que são para garantir o futuro e a competitividade do país.