
Essa é, cada vez mais, a realidade por trás do que chamamos de fast fashion — uma engrenagem que move bilhões às custas de recursos naturais esgotados, jornadas de trabalho invisíveis e um rastro de resíduos que cresce mais rápido do que conseguimos acompanhar.
A Shein, símbolo extremo dessa lógica, não criou apenas uma marca: criou um modelo de consumo insustentável, onde cada clique gera uma peça que dura menos do que uma tendência, mas permanece por séculos nos aterros. O custo? Tecidos sintéticos, produção em massa e descarte acelerado, muitas vezes sem qualquer responsabilidade ambiental ou social.
Não se trata de demonizar a escolha do consumidor, mas de encarar o sistema que oferece camisetas a preços que custam menos que um café — e muito menos que a dignidade de quem as costurou.
Chamar isso de inovação é distorcer o conceito. O que vemos não é avanço: é reflexo de um colapso silencioso, disfarçado de modernidade.
A pergunta que precisamos fazer não é mais “vale a pena?”
A pergunta é: “Quantas vezes mais vamos fingir que não vemos?”
Fast fashion não é estilo. É sintoma de uma sociedade doente de velocidade, anestesiada pela conveniência, e desconectada do impacto real de suas escolhas.
Desacelerar é urgente. Repensar consumo, valorizar o que é feito com ética e responsabilidade, reconstruir o que foi reduzido a tendência. Porque o planeta, os trabalhadores e a própria moda merecem mais do que isso.
