O primeiro Jacintho brasileiro veio de Portugal para Passos, no sul de Minas, nas primeira metade do século XIX, e já na segunda geração havia um guerreando no Paraguai. Ainda nessa segunda houve um que se fixou em outro ponto de Minas Gerais e outro que rumou para Franca (SP). Este trouxe o vezo pecuário, já com zebu e companhia, e como era moda, meteu-se no cafezal.
O Jacintho “francano” , Antonio Jacintho, é tido como o pioneiro do zebu em São Paulo. Casou-se com uma francana, com quem teve 12 filhos: oito mulheres e quatro homens.
José Jacintho Sobrinho, neto do luso-brasileiro Jacintho Honório da Silva e filho do Antonio, de Franca, se acomodou na região de Barretos. Formou lavoura de café, ainda nos anos 20, mas não resistiu à crise de 1929. Ficou de mãos abanando, mas voltou à luta, com criação de gado.
Do casamento de José Jacintho, nasceu Francisco Jacintho da Silveira, o “Xixico Jacintho”, o avô de Tiago, André e Daniel. Ele teve a oportunidade de formar-se em Agronomia, e animado pelo pai, veio desbravar o Oeste do Estado de São Paulo, chegando à região de Sandovalina na década de 40 para abrir a Fazenda Vista Bonita. Teve seis filhos: Francisco José, Ana Estela, Bruno Aurelio, José Jacintho Neto, Fábio Adriano e Julio Marcio.
De acordo com Tiago Jacintho, o avô foi um conservacionista radical da fertilidade do solo na exploração agropecuária e exemplo na busca incansável de raças bovinas de corte, principalmente Nelore e Canchin.”Xixico”, como ele era conhecido, cuidou dos problemas da classe rural, dirigindo a política pecuária da Faesp por seis anos. Não foi apenas um agrônomo e um empresário rural bem sucedido, mas, também, um empreendedor desbravador que construiu sua história e seu progresso, paralelamente à história e ao progresso da região então conhecida como Alta Sorocabana.
Francisco Jacintho da Silveira foi pioneiro na criação de gado Nelore e expressivo produtor de algodão nesta região.
Em junho de 1942 ele e o pai adquiriram uma área semi-abandonada no Vale do Ribeirão Taquaruçu, em Sandovalina, a 90 quilômetros de Presidente Prudente, e deu início ao processo de abertura e formação da Fazenda Vista Bonita. Com o mesmo dinheiro que compraria por volta de 100 alqueires na região de Barretos, comprou a gleba de terras Vista Bonita, inicialmente com 1.800 alqueires, chegando depois a 2.410 alqueires, com outras áreas adquiridas posteriormente.
…………..
VIAGEM DE PRESIDENTE PRUDENTE ATÉ A FAZENDA VISTA BONITA, NOS ANOS QUARENTA, ERA UMA AVENTURA QUE PODIA DEMORAR ATÉ DOIS DIAS NA ÉPOCA DAS CHUVAS
…………………
Conta a família, que o processo de formação da fazenda foi uma verdadeira “odisséia”, um trabalho árduo e gradativo que durou anos, exigindo muita determinação de Francisco Jacintho. As dificuldades começavam no caminho rumo à área da Vista Bonita, devido à precariedade das estradas, “uma verdadeira aventura”. As viagens eram feitas de caminhão para transportar gêneros alimentícios e ferramentas de trabalho. O itinerário começava em Presidente Prudente até o km 80 da “Estrada Brasileira”.Depois o caminho era uma “picada” de 12 quilômetros até chegar no local. Quando as viagens eram feitas da tarde para a noite, Francisco Jacintho e seu pai pernoitavam pelo caminho, e no dia seguinte, por volta das 6 horas da manhã partiam rumo à fazenda. Normalmente, uma viagem que durava doze horas. Quando chovia, as estradas se transformavam em verdadeiros atoleiros e o caminhão podia ficar parado no lugar, encravado na lama, por vários dias. Esse infortúnio invariavelmente acontecia de duas a três vezes numa mesma viagem. Quando isso acontecia, a viagem de Prudente à Vista bonita, poderia durar dois dias – algo inimaginável nos dias de hoje, quando se pode fazer o mesmo trecho de carro, confortavelmente, em 40 minutos.
Na época, as acomodações na Fazenda Vista Bonita, era num precário “rancho de pau a pique”. As primeiras lavouras da fazenda foram de milho e arroz, para consumo. Depois, começou a buscar mudas de capim colonião, trazidas em burros de carroça e sela, único meio de trabalho e transporte dentro da fazenda e redondezas. Naquele tempo, o colonião era novidade no Brasil, e só era plantado por mudas. Somente em 1943 foi que José Jacintho construiu uma modesta casinha de tijolos, coberta com tabuinhas.
Foi assim a formação da Fazenda Vista Bonita, o inicio da trajetória de Francisco Jacintho e seu pai como pecuaristas na região de Presidente Prudente, motivo de muito orgulho pelo fato de que a obstinação e o trabalho duro alcançaram seus objetivos.
……………
Vale destacar a própria descrição de Francisco Jacintho sobre o memorável e inesquecível começo da Fazenda Vista Bonita:
“Depois da pobreza que a crise de 29 trouxe para nossa família, parece que aquela luta titânica para a fundação da nova fazenda não era nada, embora tudo fosse tão penoso e sem conforto. O sofrimento era grande, sem meios de transporte, sem casa (só rancho) para morar, sem dinheiro… Mas tinhamos coragem e meu pai sempre teve crédito. Mamãe tinha uma fibra indomável de pioneira e nunca reclamou de nada. Era frágil e de vontade forte, e papai era forte de vontade muito mais forte ainda” (Francisco Jacintho da Silveira, 02/04/1952)