
O que começou como uma crítica ao consumo vazio de entretenimento, retratada há anos no livro Brasileiros Pocotó do autor e pensador Luciano Pires, hoje ganhou contornos ainda mais preocupantes. Se antes o alerta era contra os “conteúdos pirulito” — doces, coloridos, vazios — agora o fenômeno ganhou nome e nova roupagem: preguiça metacognitiva, ou como o próprio Luciano define, preguiça de pensar.
Segundo um recente estudo do MIT (Massachusetts Institute of Technology), publicado em 2025, o uso indiscriminado de ferramentas de inteligência artificial para tarefas diárias — da escola ao trabalho — tem reduzido significativamente a atividade cerebral em jovens e adultos. A IA pensa. O usuário copia. E o cérebro… desliga.
Bem-vindo à Geração T
T de Tela, T de Toque, T de Tédio Mental, T de Testemunha.
Essa é a nova geração que, na visão de Pires, “sabe tudo o que acontece, mas não entende por que acontece.” Expert em deslizar o dedo nas telas, mas incapaz de conectar duas ideias sem recorrer a um prompt ou template pronto.
É o adolescente que usa o ChatGPT para fazer a redação e depois não consegue explicar o próprio texto. É o executivo que vende “criatividade” aplicando a fórmula comprada no Instagram. É o adulto que vive funcionalmente, mas nunca se desenvolveu intelectualmente.
A inteligência terceirizada virou moeda social
“Hoje, inteligente é quem copia rápido. Criativo é quem cola com ajuda do algoritmo. Influente é quem viraliza — não quem pensa”, alerta Luciano Pires.
Vivemos uma era em que o conteúdo sai, o like vem, o algoritmo entrega… mas o abismo intelectual só cresce. Uma sociedade onde todos sabem se posicionar, mas poucos sustentam o que dizem.
Reflexão urgente
O alerta é claro: a dependência de soluções prontas pode até funcionar no curto prazo, mas está criando uma geração de testemunhas — e não de pensadores.
Num tempo em que o conhecimento se resume a repetir o que a IA produziu, Luciano Pires reforça: “O maior risco não é a inteligência artificial substituir o homem. É o homem se substituir pela inteligência artificial.”