SINOMAR CALMONA
A guerra dos aplicativos de delivery vai ganhar um novo capítulo em território brasileiro. A Meituan, segunda maior plataforma de entregas do mundo, acaba de anunciar sua chegada ao Brasil, com planos ambiciosos de operação e um alvo claro: o domínio do iFood, que hoje concentra cerca de 80% do mercado nacional.
Com impressionantes 80 milhões de pedidos diários em sua base global, a Meituan se posiciona como uma das maiores potências do setor, acumulando uma receita de US$ 46 bilhões em 2024 e um volume bruto de vendas (GMV) de US$ 150 bilhões. A expectativa da companhia é iniciar sua operação brasileira com taxas mais baixas para os restaurantes e um sistema de bônus de produtividade para os entregadores, prometendo valorizar o desempenho e incentivar a fidelização da força de trabalho.
Além disso, a empresa anunciou a meta de recrutar 50 mil motoboys no país em até 12 meses, sinalizando que não pretende apenas entrar no mercado, mas sim disputar com força o protagonismo no segmento.
Na China, a Meituan é muito mais que um app de delivery: trata-se de um verdadeiro superapp, que integra serviços como reservas de hotel, cinema, mobilidade urbana, crédito e outras funcionalidades. Cerca de 70% dos usuários utilizam o aplicativo para três ou mais atividades, transformando a plataforma em parte do cotidiano digital de milhões de pessoas.
Especialistas do setor avaliam que a entrada da Meituan representa mais do que uma disputa de market share. Trata-se de um movimento estratégico que pode redesenhar o ecossistema digital brasileiro, forçando concorrentes a repensarem seus modelos de negócio e acelerando inovações.
Para o consumidor, a concorrência tende a trazer benefícios imediatos: mais cupons, melhores serviços e possíveis quedas de preço. Já para quem atua nas áreas de tecnologia, mídia, marketing e comportamento, o movimento da Meituan representa uma nova força que deve movimentar o mercado e gerar novas oportunidades.
Se depender da agressividade da Meituan e da experiência acumulada no mercado asiático, o Brasil deve assistir a uma transformação significativa no setor de delivery nos próximos meses.