Indústria brasileira enfrenta entraves estruturais e críticas à visão otimista sobre guerra tarifária

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Diego Andreadi: ” “Como ficar mais competitivo se pagamos 60% de imposto na importação e 18% na nota de venda?”

Diego Andreasi, executivo da Nuvem UAV, questiona discurso sobre “oportunidades” e alerta para burocracia, impostos e falta de incentivo real ao setor

A recente discussão sobre os efeitos da guerra tarifária entre grandes potências econômicas no setor industrial brasileiro tem gerado diferentes interpretações. Enquanto consultores e analistas veiculados na mídia nacional enxergam na disputa uma possível “oportunidade de ouro” para a indústria brasileira se tornar mais competitiva, profissionais do setor discordam — e com veemência.

Um dos que se posicionaram contra essa visão foi Diego AndreasiGerente de Operações da Nuvem UAV Indústria de Aeronaves S/A, sediada em Presidente Prudente. Ele classificou como “fora da realidade” a visão de que o Brasil estaria em vantagem diante de uma guerra de tarifas globais.

“Como ficar mais competitivo se pagamos 60% de imposto na importação e 18% na nota de venda?”, questiona o executivo, listando uma série de entraves que, segundo ele, inviabilizam qualquer expectativa positiva em meio à atual conjuntura regulatória e tributária do país.

Além da alta carga tributária, Andreasi critica a excessiva burocracia ambiental, a morosidade para obtenção de licenças de operação e até mesmo a logística ineficiente de polos industriais estratégicos, como a Zona Franca de Manaus, que, segundo ele, “fica em um lugar com logística inacessível”.

O posicionamento repercutiu entre empresários e profissionais do setor que também enfrentam dificuldades para operar diante de uma estrutura que, de acordo com eles, penaliza quem tenta produzir e inovar no Brasil.

A fala de Andreasi é um apelo por reformas estruturais urgentes, que envolvem desde simplificação tributária até desburocratização do licenciamento ambiental e regulatório. Para ele, o Brasil não precisa apenas de oportunidades externas, mas de condições internas reais para crescer.

A Nuvem UAV atua no segmento de tecnologia e desenvolvimento de aeronaves não tripuladas, e é uma das empresas com maior potencial inovador no interior paulista. A crítica do executivo reflete as dores de um setor que poderia alavancar a economia nacional, mas que segue, segundo ele, sufocado por entraves antigos.