
A entrada da gigante chinesa Meituan no mercado brasileiro representa muito mais do que uma nova opção de aplicativo de entrega. Com um ecossistema completo e estratégias agressivas de expansão, a empresa deve provocar mudanças profundas no setor de delivery, serviços financeiros, mobilidade, turismo e gestão para restaurantes.
Reconhecida por operar um dos superapps mais avançados da China, a Meituan atua com soluções integradas que vão muito além da entrega de comida. A plataforma oferece serviços como reservas de hotéis, compra de passagens, cinema, mobilidade, marketplace de fornecedores e até soluções financeiras com taxas muito abaixo do praticado no Brasil — com empréstimos a 8% ao ano, frente aos cerca de 25% oferecidos por bancos e fintechs locais.
No segmento de alimentação, a empresa traz um pacote robusto de ferramentas para restaurantes, incluindo:
- Sistema de gestão completo,
- QR Code para pedidos e pagamentos direto na mesa,
- POS integrado,
- Marketplace de insumos,
- E apoio financeiro direto aos parceiros.
Especialistas preveem uma “guerra de subsídios” no mercado, com a Meituan oferecendo promoções agressivas como primeiros pedidos por R$ 1,99 e frete grátis nos seis primeiros meses de operação — estratégia semelhante à adotada na China, que contribuiu para consolidar sua liderança no país.
A movimentação também deve gerar uma fuga de talentos, com entregadores e gestores migrando para a nova plataforma em busca de melhores condições de trabalho e remuneração.
O impacto, no entanto, vai além do iFood. Empresas de fintechs, OTAs (plataformas de viagem), apps de mobilidade, sistemas de pagamento e entretenimento digital também devem sentir a chegada da multinacional asiática.
O movimento faz parte de uma tendência crescente de expansão de empresas chinesas no Brasil, que estão redesenhando a dinâmica de mercados consolidados com alto investimento, tecnologia de ponta e preços competitivos.
Para o consumidor, a expectativa é de mais benefícios e opções. Para os concorrentes, o recado é claro: com a China, ou se compete, ou se coopera. E, com a chegada da Meituan, o mercado brasileiro deve se preparar para mais uma onda de transformação e reinvenção.
