
Ansiedade, irritação e sensação de vazio são sintomas de um mal moderno que afeta milhões de pessoas no mundo todo: o uso compulsivo de tecnologia
Em tempos de hiperconectividade, estar sem o celular nas mãos, sem sinal de internet ou fora das redes sociais por algumas horas pode causar mais do que simples incômodo. Para muitas pessoas, a dependência tecnológica está se transformando em um transtorno real chamado nomofobia — termo derivado da expressão em inglês “no mobile phone phobia”, que significa “medo de ficar sem celular”.
Reconhecida como uma manifestação moderna de ansiedade extrema, a nomofobia não está oficialmente classificada como doença pela OMS, mas já é motivo de alerta entre psicólogos e especialistas em comportamento. Estudos indicam que o uso excessivo de smartphones e redes sociais, além de alterar padrões de sono, afeta a concentração, a produtividade e as relações pessoais.
Sintomas mais comuns da nomofobia:
- Ansiedade ou nervosismo ao perceber que está sem acesso ao celular ou internet
- Checagem constante de notificações, mesmo sem alertas
- Medo de perder informações (FOMO: fear of missing out)
- Isolamento social
- Irritabilidade quando o aparelho está descarregado, fora de alcance ou sem sinal
A psicóloga Juliana Mendes, especialista em comportamento digital, explica:
“A nomofobia tem raízes no medo de exclusão e na necessidade constante de validação. Muitas pessoas já não conseguem separar momentos de lazer, estudo ou trabalho do uso contínuo do celular. Isso acarreta uma dependência emocional e fisiológica da tecnologia.”
Como prevenir e tratar
O primeiro passo é reconhecer o problema e buscar o equilíbrio. A adoção de hábitos mais saudáveis — como estabelecer períodos sem celular, desligar notificações, evitar o uso antes de dormir e buscar atividades offline — pode ajudar. Em casos mais severos, a orientação é procurar ajuda profissional.
Especialistas também sugerem a prática do detox digital, com pausas programadas do uso de dispositivos, além de terapia comportamental para reeducação do uso da tecnologia.
Um problema crescente
Segundo levantamento da DataReportal (2024), o brasileiro passa, em média, 9 horas por dia conectado à internet, sendo mais de 5 horas dedicadas ao uso do smartphone — tempo que já supera o de uma jornada de trabalho formal.
A nomofobia é mais comum entre adolescentes e jovens adultos, mas vem crescendo entre todas as faixas etárias.
Em tempos de avanço tecnológico, fica o desafio: como conviver com a inovação sem se tornar refém dela?