O futuro da Urologia: Cirurgia Robótica desmistificada pelo Dr. Antonio Mariotti

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Em entrevista exclusiva, o urologista prudentino explica como a tecnologia transforma o tratamento de doenças complexas, aumenta a segurança e acelera a recuperação de pacientes.


A cirurgia robótica, antes vista como algo futurista, é uma realidade que está revolucionando a medicina e, em especial, a urologia. Para entender os avanços, os benefícios e desmistificar equívocos, a Revista ZAP conversou com o urologista Dr. Antonio Mariotti, mestre e doutor pelo Hospital Sírio-Libanês. Com seis anos de experiência na técnica, o médico explica o que há de mais moderno na área, que já beneficia pacientes tanto da rede privada quanto do SUS.

O robô não opera sozinho: ele é a extensão do cirurgião

Um dos mitos mais comuns sobre a cirurgia robótica é a ideia de que o robô realiza o procedimento de forma autônoma. Dr. Mariotti esclarece a questão. “Quem está no comando sou eu, o cirurgião. O sistema robótico é uma ferramenta sofisticada, mas passiva”, explica.

A técnica, na verdade, é uma evolução da videocirurgia. O médico fica sentado em um console, visualizando o campo cirúrgico em 3D com uma ampliação de até 10 vezes. Seus movimentos de mão são replicados com precisão por braços robóticos dentro do corpo do paciente, mas com o tremor natural filtrado. “É uma extensão tecnológica das mãos e dos olhos do médico, projetada para superar as limitações da laparoscopia tradicional”, afirma.

Benefícios tangíveis para o paciente

As vantagens da cirurgia robótica se traduzem diretamente na recuperação do paciente. Dr. Mariotti lista os principais benefícios: “menos dor, menos sangue, menos tempo no hospital e retorno mais rápido à vida normal”.

A precisão dos instrumentos robóticos permite incisões minúsculas, reduzindo a agressão ao corpo. Isso minimiza o sangramento e a necessidade de analgésicos potentes no pós-operatório. Em muitos casos, como na prostatectomia, o paciente recebe alta em apenas 24 a 48 horas e pode voltar a suas atividades em um período muito mais curto se comparado à cirurgia aberta.

Revolucionando o tratamento do câncer

A cirurgia robótica tem se mostrado especialmente eficaz no tratamento de cânceres urológicos. Para o câncer de próstata, por exemplo, o robô é um divisor de águas. Ele permite uma dissecção ultrafina, preservando os feixes nervosos responsáveis pela continência e função sexual. “É sobre curar o câncer e, ao mesmo tempo, preservar a qualidade de vida”, diz o especialista.

No câncer de bexiga, uma das cirurgias mais complexas da urologia, a robótica transformou o procedimento. O robô permite a retirada completa do órgão e a reconstrução de uma nova bexiga com segurança, resultando em menores taxas de complicação e uma recuperação mais rápida para o paciente.

O futuro com inteligência artificial e acesso via SUS

O Dr. Mariotti prevê um futuro empolgante para a área, com a integração da inteligência artificial (IA) aos sistemas robóticos. “Imagine um software que, em tempo real, durante a cirurgia, sobreponha imagens de ressonância ou tomografia ao campo cirúrgico, destacando a localização exata de um tumor”, projeta.

Apesar de ser uma tecnologia de ponta, a cirurgia robótica tem se tornado mais acessível. Atualmente, o Dr. Mariotti opera em oito hospitais de quatro cidades diferentes. A principal notícia, no entanto, é a recente aprovação da técnica pelo SUS. “Isso democratizará o acesso à tecnologia de ponta, garantindo que a excelência no tratamento não seja um privilégio de poucos, mas um direito de todos”, conclui.