“O futuro do trabalho tem cabelo branco — e o RH ainda não percebeu”, afirma palestrante Willians Fiori

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Em um artigo provocativo, o especialista em gestão de pessoas e palestrante Willians Fiori desafia as empresas a repensarem seus vieses etários e abraçarem a força de trabalho madura. Com a tese “O futuro do trabalho tem cabelo branco — e o RH ainda não percebeu”, Fiori argumenta que, enquanto a demografia avança, muitas organizações continuam presas a um modelo ultrapassado que supervaloriza a juventude.

Uma linha do tempo que revela a mudança inevitável

Fiori faz um exercício simples, analisando os últimos 50 anos para mostrar como o perfil do trabalhador brasileiro evoluiu, enquanto as empresas insistem em ignorar a realidade:

  • 1975: A idade média do trabalhador era 33 anos, em uma população majoritariamente jovem (mediana de 18,2 anos). Aposentadoria precoce era comum.
  • 2000: A idade média subiu para 34 anos, mas o mercado ainda priorizava o “perfil jovem” em recrutamentos.
  • 2023: O maior grupo de trabalhadores está entre 35 e 44 anos, com idade média em 40 anos. A mediana populacional chega a 34,4 anos — mas o RH ainda age como nos anos 1980.
  • 2025 (projeção): A força de trabalho terá idade média acima de 40 anos, e a mediana populacional será de 34,8. Mesmo assim, muitas vagas ainda pedem “jovens dinâmicos”, ignorando profissionais experientes.

Quatro gerações no mercado, mas o RH ainda foca só nos jovens

Enquanto Silenciosos, Boomers, X, Millennials e Geração Z coexistem nas empresas, muitas áreas de Recursos Humanos continuam obcecadas por talentos juniores, mesmo diante de:
✔ Queda na taxa de natalidade
✔ Aumento da expectativa de vida
✔ Escassez de mão de obra jovem

“A demografia não mente. Em breve, simplesmente não haverá jovens suficientes para todas as vagas”, alerta Fiori.

A experiência como o novo ouro

O especialista defende que, em um cenário de envelhecimento populacional, a longevidade profissional deve ser vista como vantagem, não como obstáculo. No entanto, o preconceito etário e a falta de preparo das lideranças ainda são barreiras.

“A culpa não é do RH, mas sim de um sistema que não se adaptou. Precisamos levar para dentro das corporações educação continuada sobre times multigeracionais, quebrando barreiras e vieses”, propõe.

O desafio da média gerência

Fiori ressalta que o maior obstáculo não está no RH corporativo, mas nos gestores de média liderança, que muitas vezes reproduzem estereótipos como:

  • “Pessoa mais velha não se adapta a mudanças”
  • “Tech é coisa de jovem”
  • “Sênior custa caro”

“A miopia cognitiva de quem recruta e lidera é o verdadeiro problema. Em tempos de escassez de jovens, quem souber valorizar a experiência colherá os melhores talentos”, finaliza.

E você? Ainda acredita que o futuro do trabalho é só para jovens?