O novo mercado de trabalho: Por que as empresas estão com dificuldade para contratar?

23

Nos últimos meses, empresas de diversos setores têm relatado dificuldades em encontrar mão de obra para vagas formais. Restaurantes, comércios, fábricas e até prestadores de serviços vêm enfrentando o mesmo dilema: faltam candidatos interessados em empregos tradicionais com carteira assinada. Mas ao contrário do que muitos pensam, o problema não está relacionado aos programas assistenciais do governo, que pagam em média R$ 700 mensais. A explicação é outra — e passa pela ascensão dos chamados “bicos de luxo”.

A popularização de plataformas como Shopee, iFood e outras de delivery criou uma nova lógica no mercado de trabalho. Motoristas e entregadores autônomos têm optado por atividades informais que oferecem flexibilidade de horários e ganhos acima da média.

Um exemplo é o entregador Shopee. Trabalhando de 5 a 6 horas por dia, com cerca de 120 entregas, um entregador pode alcançar até R$ 10 mil mensais, dependendo da região e da produtividade. Para muitos, o volume intenso de trabalho compensa, principalmente pela liberdade de montar a própria rotina e pela ausência de chefes ou metas corporativas rígidas.

“Não volto mais para o emprego fixo”

Casos semelhantes ocorrem com entregadores do iFood, que relatam renda mensal de R$ 2.500 a R$ 3.000, trabalhando em horários escolhidos por eles mesmos. Esse novo formato de ocupação tem atraído milhares de pessoas em busca de autonomia e ganhos mais rápidos. Muitos afirmam que, mesmo com os desafios da informalidade, preferem essa liberdade ao modelo CLT.

O perfil do novo trabalhador urbano

O novo trabalhador urbano é empreendedor de si mesmo. Ele utiliza carro, moto ou bicicleta, retira pacotes em centros de distribuição e monta sua rota de entregas. Em troca, ganha por produtividade e muitas vezes recebe no mesmo dia. O perfil é cada vez mais comum entre jovens e adultos que preferem assumir riscos e ter ganhos proporcionais ao seu esforço diário.

Empresas formais precisam se reinventar

Enquanto isso, empregadores que oferecem salários fixos e horários engessados estão perdendo espaço. Para especialistas em mercado de trabalho, a tendência é que as empresas tradicionais precisem repensar suas propostas: oferecer modelos híbridos, participação nos lucros e escalas mais flexíveis.

A verdade é que o mercado de trabalho está mudando — e rápido. A estabilidade da CLT já não é mais o único atrativo. Hoje, trabalhadores querem autonomia, retorno financeiro rápido e menos burocracia. E quem não acompanhar esse movimento, pode ficar para trás.