Quando o Amor Veste Silêncio

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Mamãe dizia: “Sorria para o seu pai quando ele chegar. O mundo lá fora pesa nos ombros dele.” E a gente sorria, sem entender direito o porquê.

O amor de mãe é flor aberta, abraço quente, palavra dita. É presença em tom alto, é colo, cheiro e urgência. Já o amor de pai… é silêncio. É aquele nó apertado no cadarço, o carro lavado no domingo, a luz do corredor acesa até a gente dormir. Pai ama de um jeito que não faz barulho, mas segura o teto da casa para que nada desabe.

Mamãe nos carregou no ventre. Papai nos carrega nos ombros da responsabilidade. Mamãe nos dava o leite. Papai, a lição de que é preciso trabalhar para que o leite nunca falte. Enquanto ela nos envolvia no colo, ele nos protegia com o corpo inteiro – invisível, mas firme como um escudo.

O amor da mãe a gente reconhece no primeiro choro. O do pai, só entende quando a gente mesmo se descobre responsável por alguém. É aí que o silêncio dele grita dentro da gente, que as ausências se revelam presenças e que cada gesto contido vira um gesto eterno.

Pai é aquele herói que não voa, mas caminha ao lado – mesmo quando não percebemos. É aquele que tropeça, mas não cai, só para mostrar que é possível recomeçar. É quem dá o que tem e, muitas vezes, o que nem tem, para que a gente sonhe.

No tempo que corre, mãe e pai são insubstituíveis, cada um à sua maneira. Mas enquanto o amor da mãe nos embala, o do pai nos ensina a ficar de pé. E é por isso que, quando ele chega cansado da vida, o mínimo que a gente pode fazer… é sorrir.

Porque o mundo lá fora é mesmo difícil – mas o amor dele, apesar de silencioso, é o que nos mantém inteiros.